quinta-feira, 14 de maio de 2009

"Para recordarem-se de mim..."

"Um dia meu corpo estará deitado sobre um lençol branco, cuidadosamente introduzido sobre os quatro cantos de um colchão, num hospital extremamente atarefado com os que vivem e com os que estão morrendo. Em dado momento, um médico dirá que meu cérebro deixou de funcionar e que minha vida se extinguiu. Quando isso acontecer, não tentem instilar vida artificial no meu corpo com o uso de uma máquina. E não chamem a isto de meu "leito de morte". Deixem que ele seja chamado o "Leito da Vida", e deixem meu corpo ser retirado dele para ajudar os outros a levarem vidas mais felizes. Dêem minha visão ao homem que jamais viu o raiar do sol, o rosto de uma criança ou o amor nos olhos de uma mulher; dêem meu coração a uma pessoa cujo coração apenas experimentou dias infindáveis de dor; dêem meu sangue ao jovem que foi retirado dos destroços de seu carro, para que ele possa viver para ver seus netos brincarem; dêem meus rins a alguém que depende de uma máquina para viver de semana a semana. Retirem meus olhos, cada músculo, cada fibra e nervo do meu corpo e encontrem um meio para fazer uma criança aleijada caminhar. Explorem cada canto do meu cérebro. Retrirem minhas células, se necessário, e deixem-nas crescer para que, algum dia, um menino mudo possa gritar com o canto de um pássaro e uma menina surda possa ouvir o barulho da chuva de encontro à sua janela. Queimem o que restar de mim e espalhem as cinzas ao vento para ajudarem as flores brotarem. Se tiverem que esquecer algo, que sejam meus erros, minhas fraquezas e todo mal que fiz contra meus semelhantes. Dêem meus pecados ao diabo. Dêem minha alma a Deus. Se por acaso desejarem lembrar-se de mim, façam-no com uma ação ou palavra amiga a alguém que precisa de vocês. Se fizerem tudo o que pedi, estarei vivo para sempre..."
(Tradução do artigo "To Remember Me..." publicado no "Reder's Digest" de novembro de 1976) Distribuido por Luiz - PX4 - A -1021 (Um antigo amigo de meu falecido pai)

O texto To Remember Me - I Will Live Forever foi escrito por Robert Noel Test em 1976, publicado no jornal norte-americano Cincinatti Post e mais tarde reproduzido na revista Reader's Digest. Robert Noel Test (1926-1994) foi um dos pioneiros da doação de orgãos e tecidos; seu belíssimo To Remember Me - I Will Live Forever é um texto que merece ser divulgado, como parte da campanha de conscientização em relação à doação de órgãos. ( https://psicod.org/learn-and-share-in-english-3.html?page=224 )

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Um ditador, um revolucionário e duas torcidas (Ricardo Rios Neto)


A torcida atleticana é conhecida por sua paixão e fanatismo. O amor é cego, diz o ditado. E a massa alvinegra, movida por essa paixão avassaladora, é capaz de cometer loucuras e atos inimagináveis, justificados apenas pela lógica torta do amor.
Um exemplo recente dessa história vem sido notado por alguns freqüentadores do Mineirão. No meio da Torcida Organizada Galoucura há uma bandeira com a imagem de um senhor de idade, com uma cara séria, um certo René Barrientos. Em baixo, os dizeres: “O sonho acabou".
O torcedor mais incauto pode se perguntar: quem é esse sujeito? Talvez um reconhecido atleticano da velha guarda? Quem sabe um criador de alguma torcida alvinegra? São teorias que podem surgir na cabeça do curioso atleticano. Mas o que poucos imaginariam e o que poucos sabem é que René Barrientos foi um presidente militar de direita, que governou a Bolívia, com mãos de ferro, de 1964 a 1969.
Mas o que liga a Galoucura a um ditador de direita? Difícil de traçar um paralelo? Bem, nem tanto. Há alguns anos que a torcida Máfia Azul, do Cruzeiro, tem adotado a imagem de Che Guevara em suas bandeiras e camisetas. E Che Guevara morreu nas selvas da Bolívia, lutando em uma guerrilha, contra o governo de quem? Ninguém menos do que René Barrientos. Ou seja, René Barrientos se tornou um ídolo atleticano porque matou um ídolo cruzeirense.
Não há nenhuma questão política envolvida na escolha desse novo ícone, antes que algum esquerdista se benza toda vez que ver a Galoucura no Mineirão. Um funk da torcida mostra bem o espírito da coisa “Esse cara é 22, só fez loucura, René Barrientos, 100% Galoucura". 22 é uma alusão ao artigo do código penal que diz que quem mata sobre coerção hierárquica militar não é culpado, o culpado é o mandante do crime. No caso da morte de Che, o culpado não foi o soldado do exército boliviano que apertou o gatilho, e sim René Barrientos que ordenou a execução.
Che Guevara, René Barrientos, Comunismo, Ditadura militar, direita, esquerda. Todos conceitos importantes para se entender a história política mundial do século XX, mas quando se entra no campo das paixões futebolísticas, essas figuras e conceitos emblemáticos se tornam apenas símbolos para embalar as rivalidades .
E como disse o poeta “quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração"..



Posição oficial da Galoucura sobre a bandeira do Renê: http://www.torcidagaloucura.com.br/tog/rene/index.htm

Video com a música do MC Teco: http://www.youtube.com/watch?v=9rG7tPW1eIs

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